MARROCOS
De Marrocos há quem diga que não vale a pena, e nunca lá vai, há quem vá e não goste, e há quem vai e volta. Esse é o meu caso. Tenho lido em blogues de viagens que, de Marrocos, só mesmo Marrakech merece uma visita. Não estou de acordo. Há quem diga que Casablanca não tem interesse, mas eu acho que, mesmo assim, é sempre melhor saber porque não tem interesse, e, para isso, é preciso lá ir. Em Casablanca tem uma maravilhosa e linda mesquita que é de todo imperdível. Tem um magnífico bairro, típico e pitoresco, o bairro Habbous, que bem merece uma tarde toda de visita, tem belas esplanadas na praça das Nações Unidas, onde pode passar algum tempo a beber um chá de menta e observar o colorido local.
A mesquita de Casablanca, mesquita Hassan II, está erigida junto ao mar, o que colocou novos problemas técnicos para os quais houve que encontrar solução. Esse facto, só por si, já faz dela um monumento histórico, mas, para além disso é muito bonita, é muito grande, e tem o minarete mais alto do mundo.
MARROCOS
CASABLANCA
Derb Khalef, interior | Derb Khalef, interior |
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Derb Khalef, exterior | Derb Khalef, exterior |
Derb Khalef, exterior | Derb Khalef, exterior |
O Derb Khalef é a maior feira da ladra do mundo.
É um gigantesco centro comercial em bairro de lata.. Nas pesquisas preparatórias para a viagem, li algures na net, que este era um lugar a visitar em Casablanca. Entrei no metro de superfície e lá fui. Tem mesmo uma estação com o mesmo nome do mercado, estação Derb Khalef. Quando cheguei, apercebi-me que por ali não havia turistas, apesar disso, e do aspeto do mercado, decidi entrar.
BAIRRO HABOUS
Casablanca
Casablanca
Casablanca
Casablanca
DERB KHALEF
Ao entrar tive logo a sensação que tinha feito uma escolha delicada. Fui circulando, receoso, por aqueles corredores muito estreitos e apinhados de tudo e mais alguma coisa. É realmente uma coisa extraordinária, nunca tinha visto nada assim, e, apesar do receio, comecei a tirar fotos, duas apenas, mas comecei a ouvir vozes que parecia que se me dirigiam pois falavam em françês e apelavam a "monsieur". Decidi ignorar, continuei a caminhar, cada vez mais receoso, já estava no centro daquele complexo inacreditável. Decidi ainda que deveria fazer um pequeno video e comecei a gravar um pouquinho aqui, um pouquinho ali, até que desenboquei no que parecia ser uma artéria central a céu aberto. Aí, decidi fazer com a câmara de video uma panorâmica geral do mercado e comecei a gravar tudo em volta. De repente, escuto alguêm que grita, em françês, e se me dirige com ar agressivo, perguntando a quem eu tinha pedido autorização para o estar a filmar. Fiquei muito atrapalhado, desculpei-me, esclareci como pude que não tinha intenção de filmar ninguêm mas apenas o mercado. O senhor de mau aspeto, desdentado, muito irritado e ameaçador, exigiu que eu apagasse as imagens. Entretanto, começou a juntar-se mais gente, falavam em árabe, fiquei ainda mais receoso que me fizessem mal ou me partissem a câmara. No entanto, comecei a sentir que aquelas pessoas estavam a tentar acalmar o senhor, até uma velhota parou e fez gestos com as mãos que eu não sabia descodificar, mas acreditei que me seriam favoráveis, e, devagar, metendo a câmara na mala, comecei a retirar-me. O senhor continuava irritado e gritava nas minhas costas mas não me seguiu. Fui para fora do mercado e segui a linha do metro, pois aí estava orientado e a salvo. Foi um susto muito grande, não recomendo que visitem este mercado, mas, se o fizerem, não tirem fotos nem filmem, pelo menos sem pedir e obter permissão para tal, pode ser perigoso. Eu saí ileso, aliás, apesar do tom, ninguêm tocou sequer em mim, ou me empurrou, nada, apenas o mau modo e a agressividade, suficientes para me ter proporcionado dos maiores sustos que já vivi em viagem.
O bairro Habous é de visita obrigatória, não se trata de um bairro residencial mas de comércio, muito pitoresco, onde pode passar uma manhã, uma tarde ou até o dia todo, apreciando o local. Tem um café com uma esplanada debaixo de árvores frondosas, muito agradável para beber um chá de menta. O único contra é que me pareceu ter poucos restaurantes no próprio bairro, vi apenas um. Já fora do bairro, mas mesmo colado, tem uma zona de restaurantes. O bairro Habous é portanto uma zona de comércio de artesanato, onde se pode encontrar um pouco de tudo.
O comércio está organizado por sectores, sendo fácil escolher o que se deseja. Tem espaços para os trabalhos em metal, em couro, roupas e até uma zona onde se encontram todos os artistas plásticos que expõem os seus trabalhos de pintura.
Aqui no bairro Habous pode também observar alguns artesãos na sua atividade. Não deixe de visitar e comprar umas lembranças.
ESSAOUIRA
De Essaouira, vila à beira-mar, lindissima, onde se pode apreciar uma fortaleza construida pelos portugueses, quero começar por deixar uma pequena homenagem a meu novo amigo NAJIB SOUDANI, músico gnawa e construtor de instrumentos, em cuja loja, descoberta por acaso, comprei alguns instrumentos tradicionais de sua própria autoria. Najib é construtor mas inventa os seus instrumentos a partir dos instrumentos tradicionais marroquinos, das suas caractrísticas, dando-lhe formas inovadoras e acrescentando novas possibilidades criativas. Confira nas imagens em baixo.
NAJIB SOUDANI, além de contrutor e inventor de instrumentos tradicionais marroquinos, é músico gnawa, com discos gravados e concertos realizados um pouco por toda a Europa. A música gnawa é um género musical de Marrocos, sendo considerada música espiritual. Os músicos apresentam-se vestidos com roupas tradicionais e chapéus típicos, que se podem ver nas imagens. O instrumento principal deste género musical é o guimbri, que é acompanhado pelas castanholas metálicas, ou krakreb e tambores. Confira o video que gravei com Najib a tocar e cantar na sua loja, exclusivo para mim. Obrigado Najib.
GamburiInstrumento inventado por Najib | MatimbaInstrumento inventado por Najib | GuimbriNa loja de Najib | Instrumentos tradicionaisNa loja de Najib |
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Instrumentos e chapéus tradicionaisNa loja de Najib | UissaInstrumentos criados por Najib | Com Najib SoudaniEssaouira |
Aqui em Essaouira, como já escrevi antes, existe uma fortaleza, junto ao mar, de construção portuguesa. Descobri esse facto por mero acaso, andava na minha descoberta desta linda localidade, quando vejo um artesão, pintor, que expunha os seus trabalhos nas paredes daquele lugar. Aproximei-me, com curiosidade e já a pensar comprar algo, para oferecer a uma das minhas filhas. Assim foi, o senhor, entretanto perguntou-me de onde eu era, respondi Portugal, aí ele falou, sabe que esta fortaleza foi construida pelos portugueses, eu não sabia, fiquei encantado por essa revelação, e, como já havia decidido, comprei uma pedra pintada ao senhor, que me autorizou a fotografá-lo enquanto pintava.
MON VISAGE
Mon visage é uma canção cujo texto foi escrito em Marrakech, numa noite, sem conseguir dormir, talvez devido às emoções do dia, talvez ansioso pelas novidades do dia seguinte. Por todo o lado com quem falava me perguntavam de onde eu era, de seguida sempre diziam que eu tinha cara de marroquino. Nessa noite em que o sono não vinha, escrevi o texto da canção.