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CORDOFONES

DRAMYIN

     O Dramyin é um cordofone tibetano. Alaúde tradicional da música folclórica dos Himalaias. Usado principalmente como um acompanhamento para cantar no Drukpa, da cultura budista e da sociedade do Butão e do Tibete. Usado em festas religiosas do budismo vajrayana e budismo tibetano. Feito de uma única peça de madeira, possui dupla cintura e roseta em vez de buraco. São ricamente coloridos, pintados ou esculpidos com simbolos religiosos. Afinação em gGcccff. São utilizados como acompanhamento ao narrar histórias, como mostrado no filme butanês "Viajantes e Mágicos". Usados também no desempenho de Dramyin Cham, uma dança cham realizada por monges drukpa, que ocorrem em festivais religiosos, Tsechus, proibídos no Tibete mas feitos no Butão. Dramyin choeshay ou dramyin cham, são um dos poucos casos em que o dramyin é permitido ser tocado dentro de um mosteiro ou de uma Dzong. O dramyin está associado a uma divindade guardiã.

RAVANHATTA

     O Ravanhatta é um violino de vara de duas cordas do noroeste da India, usado por cantores religiosos chamados Bhopa, para acompanhar os cantos épicos de Pabuji, um herói do século XIV. Possui uma corda de melodia em crina de cavalo, zangão metálico e cordas simpáticas. O arco tem uma série de pequenos sinos ligados a fornecer acompanhamento rítmico.

Curiosidade

O Ravanhatta da minha coleção foi adquirido durante a minha viagem à India. Em Jaipur, quando chegamos ao hotel, fomos recebidos pelo rapaz da imagem e outro senhor mais velho, que tocavam a tradicionalíssima música portuguesa "Uma casa portuguesa" nos seus Ravanhatta. Logo ali me informei com eles onde poderia comprar aquele instrumento que, na época, nem sabia da sua existência.

SUNG

O Sung é um cordofone do norte da Tailândia e parece à primeira vista um instrumento para crianças ou para turista, mas é um instrumento com importância na música étnica tailandesa, chegando mesmo a ser utilizado como instrumento solista. É frequentemente utilizado em conjuntos com o orgão de boca. A afinação difere se for para ser tocado solo ou em conjunto. Instrumento da tribo Lisu, que habita as zonas montanhosas do norte da Tailândi, por isso também chamado Sung Lisu.

Localmente é também conhecido como Tseubeu, subu ou dsyboo. A tribo Akha chama-lhe Deuham e a tribo Lahu chama-lhe Sae mu. É construído em vários tamanhos, desde 300mm até cerca de 750mm. O fundo é perfurado e pode ter decorações nas bordas. A pele pode ser de piton ou de lagarto.

VIOLA CAIPIRA

A viola caipira é muito popular no interior do Brasil. Também conhecida como viola sertaneja ou cabocla. Tem a sua origem nas violas portuguesas oriundas de instrumentos árabes como o alaúde. As violas são descendentes diretas da guitarra latina, que, por sua vez, tem uma origem arábico-persa. As violas portuguesas chegaram ao Brasil trazidas por colonos portugueses de diversas regiões do país, e passou a ser usada por Jesuítas na catequese de indígenas. Mais tarde, os primeiros caboclos começaram a construir violas com madeiras toscas da terra. Era o início da viola caipira, viola nordestina, viola de arame, viola cantadeira, viola chorosa, viola de queluz, viola serena. Utiliza muito as cordas soltas o que faz resultar um som forte e sem distorções. A viola é o símbolo da original música sertaneja, conhecida popularmente como moda de               viola ou música raiz.

A viola caipira tem várias afinações, cujos nomes são muito curiosos e estão ligados a histórias e lendas. Assim, designam-se, cebolão, rio abaixo, boiadeira, natural e paraguaçu que é a afinação utilizada pelos repentistas nordestinos.

AFINAÇÕES
HISTÓRIAS E LENDAS

O nome da afinação cebolão seria do facto de as mulheres chorarem emocionadas ao ouvir a música da viola caipira.

A afinação rio abaixo seria originada na lenda de que o Diabo costumava descer os rios tocando nessa afinação e, com ela, seduzindo as moças e as carregando rio abaixo.

Acredita-se que a arte de tocar viola seja um dom de Deus. Porém, a lenda diz que mesmo a pessoa não contemplada com este dom pode vir a ser

um bom violeiro. Uma das opções seria uma magia envolvendo uma cobra coral venenosa e é conhecida como simpatia da cobra coral. Outro modo seria fazer rezas no túmulo de algum antigo violeiro na sexta-feira da paixão. Na região da serra do Caparaó, o Diabo é considerado o maior violeiro de todos. O violeiro que faz pacto com o Diabo para tocar bem não vai para o inferno, porque todos no céu querem violeiros por lá. Em certas regiões, por tradição, as violas carregam pequenos chocalhos feitos do guizo da cascavel, pois                                 segundo a lenda, tem poder                          de proteção para a viola e o 

                         violeiro. O poder do guizo

                         chega a quebrar as cordas

                          do violeiro adversário.

DITA

LIRA ETÍOPE

A Dita é uma lira de cinco cordas, existem outras liras com número variável de cordas e, nesse caso, assumem designações diferentes. A corda é pulsada ou percutida com paus ou varinha metálica. No sudoeste da Etiópia constroem-se com uma carapaça de tartaruga coberta com pele. É o instrumento para as circuncisões; o Ayn Abat (Padrinho) chega a casa dos meninos com um animal para ser sacrificado e uma Dita. A Dita serve

para os entreter. Depois é entregue a um dos meninos para que a guarde. Os velhos também utilizam o instrumento para acompanhar-se em suas narrações da história da sua vida e dos seus sucessos.  Na música cada grupo étnico está associado a um som específico. A forma musical Manzuma no noroeste da Etiópia é em língua Wollo, em Harar e Jimma canta-se em língua Oromo. Nas terras altas da Etiópia a música secular tradicional é interpretada por músicos itinerantes chamados Azmaris. A lira de dez cordas denomina-se Begena e toca-se na meditação por nobres, monges e classe alta.

OUTROS NOMES

Krar ou Kirar é a lira de seis cordas. Em forma de tigela é proveniente da Eritreia e Etiópia. É ajustada para uma escala pentatonica utilizada pelos Azmaris para acompanhar canções de amor e seculares. O timbre do instrumento depende da técnica de execução. De origem mesopotâmica, conhecida desde 2800 A.C. Também usada no Sudão, toca-se em festas familiares, matrimonios ou nascimentos

GHAYCHAK

O Ghaychak, também chamado Ghidjak             ou Ghijak é um cordofone cuja caixa de ressonância lembra uma âncora ao                     contrário. A caixa de ressonância é

escavada de um único tronco de                        madeira. Instrumento de arco usado no Irão, Afganistão, Uzbequistão                    e outros povos da região, como Uyghurs

Tajiks, Turkmers e Qaraqalpaks.                          Tem um som nasal e, em tempos, possuía cordas simpáticas mas que                        foram eliminadas. O instrumento é

embelezado com ornamentos                             graciosos. É afinado em intervalos de quartas perfeitas e toca-se na                              vertical.                                

SASANDO

O Sasando é uma harpa, da ilha de Rote na Indonésia. O nome derivado do dialeto de Rote, significa vibração. Conhecido desde o século VII, a parte principal é um tubo de bambu que serve de base, rodeando o tubo, vários pedaços de madeira servem como cunhas onde as cordas são esticadas, a partir do topo para o fundo. A função das cunhas é segurar as cordas maiores que a superfície do tubo, e também para a produção de vários comprimentos, para criar diferentes notas. O tubo de cordas de bambu é rodeado por uma concha feita de folhas de palmeira, que funciona como caixa de ressonância, por esse facto é também designado de "palm harp". É tocado com as duas mãos

LENDA

Segundo a tradição local, a origem do sasando estava ligada à lenda das pessoas de Rote, sobre o canto de Sangguana:

Era uma vez um menino chamado Sangguana                                   que viveu na ilha de Rote. Um dia ele se sentiu cansado e                                   adormeceu debaixo de

uma palmeira. Sangguana sonhou que                                    ouvia tocar uma música

bonita num instrumento único.                                           O som e a melodia eram eram encantadores. Acordou e,                                                 surpreendentemente

Sangguana ainda lembrava os                                                  sons que ouviu no sonho. Quis ouvi-los mais uma                                              vez e tentou adormecer

Ele sonhou com a mesma                                                           música e o mesmo

instrumento. Sangguana                                                            estava gostando do

seu sonho mas tinha que                                                           acordar. Não queria

perder os belos sons                                                                    e tentou recriar o

sonho, tentou recriar                                                                os sons e criou um

instrumento de                                                                       música a partir de 

folhas de palmeira                                                                 com as cordas no meio, com base                                                                         na sua memória do

sonho.

BANDOLIM

O bandolim tem a forma de uma pêra com costas abauladas ou lisas, possui quatro pares de cordas afinadas como o violino; sol, re, la , mi. As origens do bandolim remontam a Itália no século XVI e ligam-se ao alaúde. No século XV surgiu uma miniatura de alaúde chamado mandola. A partir desse instrumento surgiu o bandolim ou mandolim em italiano, tocado                        com palhetas de casca de  tartaruga.

A palavra mandolim tem a mesma                        raiz de amêndoa e daí o formato do

instrumento semelhante a uma                             amêndoa. Na Itália destacaram-se 

dois modelos; o napolitano e o                              milanês. O napolitano tem o fundo

abaulado, o milanês tem cinco                               pares de cordas. Vivaldi, Beethoven

e Prokofiev dedicaram peças a                               este instrumento. Mozart, Haendel

e Verdi também compuseram para                          bandolim. Em Portugal o bandolim

é muito usado nas tunas. Foi para                         o Brasil na mala dos colonizadores

e assumiu "sotaque" local, sendo                       utilizado em serestas, choros e valsas.

FAMÍLIA DE INSTRUMENTOS CAÍDOS EM DESUSO

Bandolineta - Sopranino

Bandoleta - Contralto

Bandola - Soprano

Bandoloncelo - Baixo

Bandolão - Baixo

DAN BAU

O Dan Bau é um instrumento monocórdico, que, no Vietname, é conhecido há cerca de dois mil anos. Na sua origem, o Dan Bau      era composto de quatro partes; um tubo de bambu, uma vara de madeira, metade    de um coco e uma corda de seda. A corda estava amarrada no bambu, atada a uma extremidade da haste, que é perpendicularmente presa no bambu. A      concha do coco foi anexada à haste servindo como um ressonador. Nos dias      de hoje, o bambu foi substituído por uma caixa de madeira, com madeira dura dos       lados e madeira macia no meio. Uma corda de guitarra substituiu a seda. A cabaça ainda está presente, mas agora é também de madeira, sendo apenas decorativa.

A técnica de tocar requer muita precisão. O quinto dedo da mão direita do músico repousa levemente sobre a corda em um dos sete nós usados (os harmónicos) enquanto o polegar e o indicador tocam a corda usando um plectro longo. Com a mão esquerda, o tocador empurra a haste flexível em direção ao instrumento para baixar o tom da nota, ou empurra a haste para fora do instrumento para aumentar o tom da nota. Esta haste, que se vê na imagem, serve também para dar vibrato. É um instrumento solo, importante na música popular vietnamita. Outro uso tradicional é o acompanhamento de leituras de poesia.

LENDA

Uma lenda popular fala de uma mulher cega que tocava Dan Bau num mercado para ganhar a vida e dar sustento à família, enquanto o seu marido estava na guerra. Não se sabe se esta história é verdadeira ou não, mas, históricamente, o Dan Bau era tocado por músicos cegos.

PHIN

O Phin é um cordofone originário da região de Isan na Tailândia. O corpo tem a forma de uma lágrima, ou folha, pêra ou coração. Na parte da frente tem um orifício de som com uma forma decorativa. A cabeça termina com uma cinzeladura decorada com uma cabeça de dragão. Tem três cordas de aço afinadas Mi, La, Mi. O corpo, braço e cabeça são feitos de um único pedaço de madeira. Na parte de trás é plano. O Phin é usado na repetição de frases melódicas. Usado em grupos de música moderna tailandesa, o som é semelhante ao de uma guitarra, e, pode ser amplificado. É usado no género musical MOLAM do nordeste da Tailândia.

SHAMISEN

O Shamisen japonês originou do chinês sanxian. O sanxian foi introduzido através do reino de Ryukyu (Okinawa) no século XVI, onde se desenvolveu o instrumento okinawa sanshin de que o Shamisen deriva. Acredita-se que o antepassado do Shamisen foi introduzido no século XVI na porta sakai, perto de Osaka. O mais famoso e exigente dos estilos narrativos é o gidayu, criado por Takemoto Gidayu, séculos XVII/XVIII, fortemente envolvido no Bunraku, teatro de marionetas em Osaka. Este Shamisen e a sua palheta são os maiores da família. As artistas femininas são conhecidas como gidayu onna. O papel do cantor é tão exigente que às vezes é substituído a meio de uma cena. As canções folclóricas tradicionais (min'yo) contém muito improviso. Este estilo é conhecido como tsugaru-samisen e é comparado com bluegrass banjo. Kouta é o estilo de canção aprendida pelas gueixas, significa pequena ou canção curta, o que contrasta com o género musical encontrado no bunraku e kabuki, conhecida como nagauta (canção de comprimento). Jiuta ou, literalmente, música de barro, é um estilo mais clássico de música shamisen.

Shamisen significa, literalmente, três cordas. Toca-se com uma palheta chamada bachi.

A pronúncia japonesa é Shamisen, por vezes Samisen quando usado com um sufixo, por exemplo, tsugaru-samisen. A caixa de ressonância é chamada DO, podem ter pele de cão ou gato. O pescoço do Shamisen é uma haste que ultrapassa o corpo do cilindro, e fica parcialmente saliente no lado oposto do corpo, agindo como uma âncora (apoio) para as cordas. Os pinos usados para enrolar as cordas são longos e, inicialmente, de marfim. As cordas são de seda ou, mais modernamente, de nylon. A ponte chama-se Koma. A corda mais pequena é colocada mais baixo, de maneira que vibra, criando uma característica tímbrica que se chama Sawari (um zumbido parecido ao de um sitar).

O lado superior, quando o instrumento está no colo do tocador, é protegido por uma capa de nome Kake Do. Os tocadores usam uma banda de pano na mão esquerda para facilitar o deslizar da mão no pescoço do instrumento. Essa banda de pano chama-se Yubikake. A cabeça do instrumento é conhecida como Tenjin.

Existem três tamanhos básicos de Shamisen; Hosozao, Chuzao e Futozao. Exemplos de géneros incluem; Nagauta, Jiuta, Min'yo, Kouta, Hauta, Shinnai, Tokiwazu, Kiyomato, Gidaiyu e Tsugaru. O hosozao é o mais pequeno e é usado nos conjuntos nagauta, pescoço curto e fino, facilitando as exigências ágeis e virtuosisticas do kabuki. É utilizado também no kouta, onde é tocado com as unhas. O chuzao, pescoço do meio, é tocado em vários géneros, mas principalmente no jiuta. Futozao, pescoço gordo, são utilizados na música gidayubushi, jonuri, min'yo e tsugaru-samisen. As palhetas ou bachi, diferem em tamanho, forma e material, de género para género de Shamisen. Shari koma (osso de boi) é a ponte mais popular, o plástico não resulta.

Na jiuta koma são usados chifres de búfalo de água. Os puristas exigem que cada Shamisen seja construído com a madeira certa, ter a koma certa e a bachi certa também. O heike shamisen é um Shamisen especialmente elaborado para a performance da música Heike Ondo, uma música folclórica originária de Shimoroseki, Yamaguchi. O pescoço é cerca de metade dos outros. A bachi, ou palheta, é muitas vezes usada para atacar a corda e a pele, criando um som altamente percussivo. O Shamisen é afinado em função do cantor ou tocador.

Com a palheta BACHI
Com YUBIKAKE
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